"O herói egóico sai em busca do tesouro e parte para a conquista do mundo.
O herói existencial sai em busca da verdade e parte para a conquista do medo."
Frances Vaughan - psicóloga, escritora, mentora espiritual e directora do Instituto Fetzer
Em cima, "The good shepherd" de Pieter Brueghel (1564 - 1638)
A propósito do herói egóico, IsanaMada escreve:
"O herói egóico pode ser caracterizado como alguém com uma visão míope, estreita e neblada do mundo, tipificada por um interno desejo de fazer com que as coisas aconteçam de uma determinada maneira que, evidentemente, deve corresponder à sua auto-imagem e à fantasia que elabora a respeito de como a sua vida deveria ser. Este herói egóico vive numa terra de ninguém, onde os seus sentimentos acontecem repetidamente mais ou menos da seguinte maneira:
- Não é assim que isto deveria ocorrer;
- Não é assim que pensei que seria;
- Eu gostaria que fosse deste modo;
- Se pelo menos pudesse ter sido de outra maneira;
O herói egóico não está interessado na verdade e irá subverte-la ao máximo sempre que não a considerar util aos seus objectivos particulares - apesar de , da boca para fora, proclamar que a sua motivação é o desejo da verdade, protestando alto e bom som quando alguém não se comporta com total veracidade em relação a si mesmo. A sua busca do tesouro e a sua estratégia para a conquista do munodo não incluem o confronto directo com a realidade da sua própria existência. Na realidade, para pôr a sua programação em andamento, ele evita inclusivé as grandes questões.
(...) O herói existencial pode ser caracterizado como pessoa que tem uma visão mais clara e ampliada do mundo, tipificada por um intenso desejo de encarar a realidade, de atingir um grau relativo de compreensão da vida e de si mesmo;
(...) O herói existencial está pronto para enfrentar o choque da verdade da sua existência;
(...) Na evolução da consciência, a angustia existencial (pavor ou ansiedade) é gerada pelo contacto com o dualismo primário ou com a consciência desse dualismo - o si mesmo versus o outro - e pelo contacto com o dualismo secundário - ser versus não ser.
(...) por isso o buscador sentirá medo, pavor ou angustia existencial quando as ilusões auto-protectoras do ego aparecerem como quiméricas cortinas de fumaça que serviram até ali para ocultar a realidade."
A busca do herói ou a insatisfação do herói egóico, levam-no a um exercício de conta-gotas. Por um lado a defesa inconsciente - negação, indiferença, prepotência, desprezo, falso poder, o defende do mundo e do outro, por outro, a vacuidade do si mesmo real - self, gera-lhe ansiedade e pulsão para a conquista de um prazer mais pleno e duradouro.
Parte então, pouco a pouco, experimentando o mundo, tentando pintá-lo de acordo com os olhos da carne, enquanto ele se rasga, abrindo brechas na sua ilosória necessidade de defesa, tornando-o frágil, humilde, obrigando-o a um outro olhar interno de ver o mesmo mundo!
Hari





